Itajaí
O Começo da História
OCUPAÇÃO PORTUGUESA DA COSTA CATARINENSE
As terras do litoral catarinense estavam compreendidas, até Laguna, no
Sul, dentro do território pertencente a Portugal, nos limites
estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Quando da divisão do Brasil
colonial em capitanias hereditárias, em 1532, as terras catarinenses
ficaram incluídas na Capitania de Sant’Ana, doada a Pero Lopes de Souza.
A ocupação portuguesa e a colonização destas terras, a partir do século
XVII, deveram-se principalmente ao interesse da Coroa lusitana na
exploração de possíveis minas de ouro e à disputa com Espanha, que
entendia lhe pertencerem as terras catarinenses. Durante o século XVII,
os paulistas fundaram os primeiros núcleos populacionais do litoral de
Santa Catarina: São Francisco do Sul (1672), e Laguna (1684).
Já a partir do século XVII, diversas recomendações foram feitas ao
governo colonial no sentido de se promover a colonização das terras do
Vale do Itajaí, consideradas férteis e estratégicas para a fundação de
colônias. No entanto, tais recomendações não foram levadas em conta.
JOÃO DIAS DE ARZÃO: À CATA DE OURO
A ocupação das terras do Itajaí pelo homem branco se daria pela
iniciativa particular de João Dias de Arzão, companheiro do fundador de
São Francisco do Sul em 1658. João Dias de Arzão era paulista e sua
família, há tempo, procurava minas de ouro e outros metais preciosos
pelo interior do Brasil.
Naquele ano, ele requereu e obteve uma sesmaria, que vem a ser um lote
colonial, às margens do rio Itajaí-Açu, em frente à foz do rio
Itajaí-Mirim e ali construiu moradia. Não tinha ele, porém, intenção de
fundar uma povoa, nem empreendeu meios para tal. Seu interesse maior era
a cata de ouro, no que afinal não teve sucesso.
ÍNDIOS: CARIJÓS E CAIGANGUES
Quando os primeiros colonizadores vieram se fixar nas terras junto à
Foz do rio Itajaí-Açu, os indígenas ainda faziam frente à ocupação das
mesmas terras que, pouco a pouco, lhes foram tomadas.
Estes índios eram os Botocudos ou Caigangues, do grupo Tapuia (hoje
conhecidos por Xokleng). Os Carijós, que moravam à beira-mar, já estavam
praticamente extintos naquela época.
Nas pesquisas arqueológicas sobre populações pré-coloniais, encontraram-se, em Itajaí, dois Sambaquis (sítios arqueológicos).
O primeiro ficava em Balneário de Cabeçudas, descoberto em dezembro de
1970, sendo encontrado acidentalmente. O segundo sítio, também
descoberto acidentalmente em 1988, encontrava-se em Itaipava. Os
esqueletos removidos de Cabeçudas foram transferidos para Florianópolis e
para a Santur, em Bal. Camboriú.
Da antiga presença dos índios em nossas terras hoje só nos resta sua
lembrança nos nomes de alguns lugares do Município: Canhanduba,
Itaipava, Ariribá, Guaraponga e Itajaí, bem como o nome de alguns
clubes, como no caso a Sociedade Guarani e o Grupo de Bolão Tapuia.
MADEIRA, PESCA E AGRICULTURA: PRIMEIRAS ATIVIDADES ECONÔMICAS.
Durante todo o século XVIII, a grande atividade econômica desenvolvida
nas terras do Itajaí foi a extração de madeiras. Isto ocasionou uma
afluência de moradores, notadamente açorianos, muitos simples posseiros,
que foram se fixando por toda a região junto da Foz do rio Itajaí-Açu,
embora esparsadamente. A madeira era desdobrada em tábuas nas serrarias
manuais, em geral tocadas pelos braços de escravos negros e a seguir
exportada para Santos e Rio de Janeiro. Foi tão indiscriminada e
depredadora a derrubada de madeiras que, já no final do século XVIII, o
governo português decretou ser privilégio real o corte das melhores
espécies.
A riqueza da madeira disponível, a abundância da pesca e a fertilidade
das terras motivaram verdadeira corrida especulatória. Altos
funcionários públicos, militares, eclesiásticos e comerciantes abastados
da sede da Capitania de Santa Catarina requeriam sucessivas sesmarias,
burlando a lei que lhes exigia benfeitorias de colonização e
prejudicando o direito de posse de moradores antes estabelecidos; o que
vai eresultar em seguidas pendências judiciais. Assim, no começo do
século XIX, as terras da Foz do Itajaí estavam todas tomadas por
diversos sesmeeiros.
VASCONCELOS DE DRUMMOND: COLÔNIA MALOGRADA
Foi a inexistência de qualquer obra e ao mesmo tempo as vantagens
econômicas da exploração da madeira que animaram o jovem carioca de 25
anos, Antônio Menezes Vasconcelos de Drummond, que estava em Santa
Catarina como contratador dos reais cortes de madeira, a solicitar o
apoio governamental para a fundação de uma colônia nas terras de Itajaí.
Por Aviso Real de 05 de janeiro de 1820, o Rei D. João VI autorizou
Drummond a estabelecer uma colônia em duas sesmarias reais junto do rio
Itajaí-Mirim, na região da agora Itaipava. Com a ajuda de soldados
dispensados de um batalhão da sede da capitania, Drummond iniciou a
derrubada das matas que permitisse começar as plantações e a construção
de casas para os colonos. A planta da futura colônia foi levantada pelo
coronel português Antônio José Rodrigues.
Estavam nestes trabalhos preliminares de implantação da colônia, que se
chamara “São Tomás de Vilanova” – evidente homenagem ao Ministro do Rei e
protetor Tomás Antônio de Vilanova Portugal – quando a situação
política portuguesa exigiu a volta do rei a Portugal. Drummond então
resolveu suspender os trabalhos, pois sabia que se acabaria o apoio do
governo e retornou ao Rio de Janeiro. Sobre a sorte da sua colônia, é
ele próprio que, anos mais tarde, vai afirmar: “não houve tempo nem
meios de levar a cabo”.
AGOSTINHO ALVES RAMOS: FUNDAÇÃO DE ITAJAÍ.
No começo do século XIX, intensificou-se o comércio que os moradores do
Itajaí faziam com comerciantes de várias vilas do litoral catarinense.
Foi numa dessas viagens de negócio que Agostinho Alves Ramos pela
primeira vez veio à Foz do Itajaí-Açu. Era português e sócio de uma casa
comercial em Desterro. Homem de muito tino comercial, inteligente e
bastante culto, logo percebeu o bom ponto para comércio e aqui se
estabeleceu com a mulher Ana Maria Rita. Com vistas a fundar uma povoa,
tratou logo de encabeçar um requerimento ao Bispo do Rio de Janeiro para
a criação de um Curato, afinal criado a 31 de março de 1824.
Com a criação do Curato do Santíssimo Sacramento, estava fundada Itajaí.
A pequenina capela e o cemitério que lhe ficava aos fundos começaram a
ser então rodeados de outros moradores, entre os quais a maior liderança
era Agostinho Alves Ramos, o fundador.
LUSO-AÇORIANOS E OUTROS IMIGRANTES: ORIGEM DA GENTE ITAJAIENSE
Foi gente de São Francisco do Sul, Florianópolis, Armação do Itapocorói,
São Miguel da Terra Firme, majoritariamente luso-açorianos, que formou o
primeiro grupo de moradores de Itajaí. Devido à excelente posição
geográfica, junto à Foz do rio Itajaí-Açu e dispondo de bom porto, a
localidade, desde os primeiros tempos de seu povoamento, recebeu
moradores de outros pontos de Santa Catarina e do Brasil, bem como
alguns elementos estrangeiros. Esta contribuição estrangeira mais
cresceria com a fundação das primeiras colônias no interior do Vale, em
meados do século XIX, com seus numerosos contingentes de alemães,
italianos e poloneses.
Em que pese a variedade de etnias imigrantes que constituíram a
população itajaiense, a marca cultural prevalecente da cidade ficou
sendo a luso-açoriana. Nas festas e tradições populares, no artesanato,
na culinária, no linguajar do povo, o que se observa são expressões da
cultura de base açoriana.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA: O MUNICÍPIO DE ITAJAÍ
Quando em 1858, um grupo de destacados moradores encabeçou
o movimento para a criação do Município de Itajaí, Agostinho Alves
Ramos não mais vivia. Morrera em 1853 e fora sepultado no cemitério da
pequena povoação. A emancipação política foi uma luta gloriosa, pois
houve cerrada oposição da Câmara Municipal de Porto Belo, a quem a já
Freguesia de Itajaí estava subordinada. A assembléia Provincial de Santa
Catarina, pela Resolução n° 464, de 04 de abril de 1859, criou o
Município de Itajaí, que só foi instalado em 15 de junho de 1860, com a
posse dos primeiros vereadores: Joaquim Pereira Liberato (Presidente),
José Henrique Flores, Claudino José Francisco Pacheco, José da silva
Mafra, Francisco Antônio de Souza, Jacinto Zuzarte de Freitas e Manoel
José Pereira Máximo.
Prof. Edison d ’Ávila (http://www.itajai.sc.gov.br/historia.php)
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